Não me comovo.
Pau no cu
da ararinha azul!
Eu quero é ovo!
A Lei do Homem rege um mundo sem leis.
E eis que aqui está escrito
: propaganda política é propaganda enganosa
e onde lê-se: Horário Eleitoral Humorístico,
violência gratuita, agora está escrito.
Congresso não rima com Progresso
se o direito ao voto é obrigatório.
Assim está escrito.
De braços cruzados - de bruços no chão!
E eis que aqui está escrito
: o bonito é ser feio
ou quem só tira foto não fica feio na foto
e onde lê-se: o papel da imprensa marrom
não serve nem pra limpar a bunda, agora está escrito
: a arte retrata a miséria humana só para leigos
e uma imagem vale mais do que 15 minutos de cama.
Assim está escrito.
Como ter modos diante de um mundo disforme?
E eis que aqui está escrito
: nada mais lúdico do que o R$,
pois o lúdico ilude e o ilusório aliena
e onde lê-se: a alienação é a base de todo
sofrimento humano, agora está escrito: nos outdoors,
automóveis e modelos ocultam favelas de concreto
onde meninas de 11 anos menstruam fetos.
Assim está escrito.
Viadutos para os desabrigados!
E eis que aqui está escrito
: o povo é solidário e a elite, caridosa
e onde lê-se: o povo precisa de um atirador de elite,
burguês tem que morrer no ninho,
agora está escrito: sem essa de final feliz
que eu não morro sempre.
O contentamento é a única unanimidade.
Assim está escrito.
Felizes são os chucros!
E eis que aqui está escrito
: se existisse moradia não existia Febem
e onde lê-se: quem fez faculdade tá comendo merda
e quem não fez, não tem merda pra comer,
agora está escrito: pra quem tem o mundo nas mãos
e uma garganta rouca e louca para gritar,
como se sentir impotente diante da tv?
Assim está escrito.
O Grande Onan vai dominar o Mundo!
E eis que aqui está escrito
: confio mais no meu medo do que na tua coragem
e onde lê-se: à merda com toda essa droga
e à merda com tudo isso agora, está escrito:
todo mundo se mata, todo mundo é vivo.
Assim está escrito.
A condição humana é servidão!
E eis que aqui está escrito
: eis a arte de simplificar o inexplicável
- a revolução particular do poeta -
e onde lê-se: os ricos matam os pobres e os pobres
matam os ricos, agora está escrito:
o meu ouvido não tem paredes. Sim!
Assim está escrito.
O que é de todos não se divide.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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