Que se foda
a situação toda!
Agora cala a boca e fala!
Cadê a droga? cadê a grana?
Cadê a droga da carta?
Cadê a droga? cadê a grana?
Cadê a droga da mala?
Cadê a droga? cadê a grana?
Cadê a droga do mapa?
Vê se não me enrola, cara!
Cadê?
Cadê você?
Ô vagabundo que dá trabalho!
Cadê aquela camisola cor-de-rosa?
Fala, porra do caralho!
Até que você tem uma bundinha gostosa...
Se você não falar
eu vou trepar na sua mãe
na frente do seu pai, cumpadi.
Se você não falar
eu vou foder a sua irmã
em cima da pia, meu chapa.
Se você não falar
eu vou comer sua mulher
que nem
papinha de nenem.
Se você não falar
eu vou fazer um filho
na sua filha,
eu vou foder direitinho
você e a sua família.
Quê que foi?
O gato comeu a sua língua,
seu íngua?!
DERSU UZALA!!!
KOYAANISQATSI!!!
YOKNAPATAWPHA!!!
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Globanalização
orientação oriental
acidente ocidental
fundo monetário internacional
nova ordem mundial
greve geral
desigual = desigual
aldeia globaldeia global
acidente ocidental
fundo monetário internacional
nova ordem mundial
greve geral
desigual = desigual
aldeia globaldeia global
Frios e Latrocínios
FILHO COME A MÃE
corta em pedacinhos
cozinha na panela de pressão
e papa
APOSENTADO MATA A FAMÍLIA
e vai pro cinema
ver o sol nascer quadrado
FILHO MATA O PAI
e casa com a mãe
do pai
DETETIVE PARTICULAR DESCOBRE
o amante da mulher
e mata o cachorro
a dentadas
MARIDO TRAÍDO
experimenta a dor e o prazer
proporcionado à sua mulher
por seu cavalo
MÃE MATA OS FILHOS
por não aguentar mais
o choro das crias
MENINO SE ATIRA DO DÉCIMO ANDAR
com um pirocóptero
na mão
ZZZzzz zzzzzz z z z zzzzz zzz z z zz z
corta em pedacinhos
cozinha na panela de pressão
e papa
APOSENTADO MATA A FAMÍLIA
e vai pro cinema
ver o sol nascer quadrado
FILHO MATA O PAI
e casa com a mãe
do pai
DETETIVE PARTICULAR DESCOBRE
o amante da mulher
e mata o cachorro
a dentadas
MARIDO TRAÍDO
experimenta a dor e o prazer
proporcionado à sua mulher
por seu cavalo
MÃE MATA OS FILHOS
por não aguentar mais
o choro das crias
MENINO SE ATIRA DO DÉCIMO ANDAR
com um pirocóptero
na mão
ZZZzzz zzzzzz z z z zzzzz zzz z z zz z
Fora de Série - Parte II
o produtor produz o consumidor
o consumidor consome o produtor
o produto produz o consumo
o consumo consome o produto
o produtor consome o consumidor
o consumidor produz o produtor
o produto consome o consumo
o consumo produz o produto
o produtor consome o produtor
o consumidor produz o consumidor
o produto consome o produto
o consumo produz o consumo
o produtor produz o produtor
o consumidor consome o consumidor
o produto produz o produto
o consumo consome o consumo
= a arte oficial é artificial =
o consumidor consome o produtor
o produto produz o consumo
o consumo consome o produto
o produtor consome o consumidor
o consumidor produz o produtor
o produto consome o consumo
o consumo produz o produto
o produtor consome o produtor
o consumidor produz o consumidor
o produto consome o produto
o consumo produz o consumo
o produtor produz o produtor
o consumidor consome o consumidor
o produto produz o produto
o consumo consome o consumo
= a arte oficial é artificial =
Favela S.A.
A fumaça abafa o pôr-do-sol ingênuo
atrás de prédios
tomando conta
enquanto isso
do outro lado do muro do dono
nós resistimos a tudo.
Mas apesar dos pesares
e apesar de tudo
- sigilo absoluto!
atrás de prédios
tomando conta
enquanto isso
do outro lado do muro do dono
nós resistimos a tudo.
Mas apesar dos pesares
e apesar de tudo
- sigilo absoluto!
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Submergentes
Eleições
à direita de quem vai
à esquerda de quem vem
colarinhos sujos
nas ruas
nos postes
nos muros
em outdoors
sorrisos pornográficos
em fotos de santinhos
à esquerda de quem vem
colarinhos sujos
nas ruas
nos postes
nos muros
em outdoors
sorrisos pornográficos
em fotos de santinhos
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Dos Escritórios às Avenidas
Deveres Desumanos
Não me comovo.
Pau no cu
da ararinha azul!
Eu quero é ovo!
A Lei do Homem rege um mundo sem leis.
E eis que aqui está escrito
: propaganda política é propaganda enganosa
e onde lê-se: Horário Eleitoral Humorístico,
violência gratuita, agora está escrito.
Congresso não rima com Progresso
se o direito ao voto é obrigatório.
Assim está escrito.
De braços cruzados - de bruços no chão!
E eis que aqui está escrito
: o bonito é ser feio
ou quem só tira foto não fica feio na foto
e onde lê-se: o papel da imprensa marrom
não serve nem pra limpar a bunda, agora está escrito
: a arte retrata a miséria humana só para leigos
e uma imagem vale mais do que 15 minutos de cama.
Assim está escrito.
Como ter modos diante de um mundo disforme?
E eis que aqui está escrito
: nada mais lúdico do que o R$,
pois o lúdico ilude e o ilusório aliena
e onde lê-se: a alienação é a base de todo
sofrimento humano, agora está escrito: nos outdoors,
automóveis e modelos ocultam favelas de concreto
onde meninas de 11 anos menstruam fetos.
Assim está escrito.
Viadutos para os desabrigados!
E eis que aqui está escrito
: o povo é solidário e a elite, caridosa
e onde lê-se: o povo precisa de um atirador de elite,
burguês tem que morrer no ninho,
agora está escrito: sem essa de final feliz
que eu não morro sempre.
O contentamento é a única unanimidade.
Assim está escrito.
Felizes são os chucros!
E eis que aqui está escrito
: se existisse moradia não existia Febem
e onde lê-se: quem fez faculdade tá comendo merda
e quem não fez, não tem merda pra comer,
agora está escrito: pra quem tem o mundo nas mãos
e uma garganta rouca e louca para gritar,
como se sentir impotente diante da tv?
Assim está escrito.
O Grande Onan vai dominar o Mundo!
E eis que aqui está escrito
: confio mais no meu medo do que na tua coragem
e onde lê-se: à merda com toda essa droga
e à merda com tudo isso agora, está escrito:
todo mundo se mata, todo mundo é vivo.
Assim está escrito.
A condição humana é servidão!
E eis que aqui está escrito
: eis a arte de simplificar o inexplicável
- a revolução particular do poeta -
e onde lê-se: os ricos matam os pobres e os pobres
matam os ricos, agora está escrito:
o meu ouvido não tem paredes. Sim!
Assim está escrito.
O que é de todos não se divide.
Pau no cu
da ararinha azul!
Eu quero é ovo!
A Lei do Homem rege um mundo sem leis.
E eis que aqui está escrito
: propaganda política é propaganda enganosa
e onde lê-se: Horário Eleitoral Humorístico,
violência gratuita, agora está escrito.
Congresso não rima com Progresso
se o direito ao voto é obrigatório.
Assim está escrito.
De braços cruzados - de bruços no chão!
E eis que aqui está escrito
: o bonito é ser feio
ou quem só tira foto não fica feio na foto
e onde lê-se: o papel da imprensa marrom
não serve nem pra limpar a bunda, agora está escrito
: a arte retrata a miséria humana só para leigos
e uma imagem vale mais do que 15 minutos de cama.
Assim está escrito.
Como ter modos diante de um mundo disforme?
E eis que aqui está escrito
: nada mais lúdico do que o R$,
pois o lúdico ilude e o ilusório aliena
e onde lê-se: a alienação é a base de todo
sofrimento humano, agora está escrito: nos outdoors,
automóveis e modelos ocultam favelas de concreto
onde meninas de 11 anos menstruam fetos.
Assim está escrito.
Viadutos para os desabrigados!
E eis que aqui está escrito
: o povo é solidário e a elite, caridosa
e onde lê-se: o povo precisa de um atirador de elite,
burguês tem que morrer no ninho,
agora está escrito: sem essa de final feliz
que eu não morro sempre.
O contentamento é a única unanimidade.
Assim está escrito.
Felizes são os chucros!
E eis que aqui está escrito
: se existisse moradia não existia Febem
e onde lê-se: quem fez faculdade tá comendo merda
e quem não fez, não tem merda pra comer,
agora está escrito: pra quem tem o mundo nas mãos
e uma garganta rouca e louca para gritar,
como se sentir impotente diante da tv?
Assim está escrito.
O Grande Onan vai dominar o Mundo!
E eis que aqui está escrito
: confio mais no meu medo do que na tua coragem
e onde lê-se: à merda com toda essa droga
e à merda com tudo isso agora, está escrito:
todo mundo se mata, todo mundo é vivo.
Assim está escrito.
A condição humana é servidão!
E eis que aqui está escrito
: eis a arte de simplificar o inexplicável
- a revolução particular do poeta -
e onde lê-se: os ricos matam os pobres e os pobres
matam os ricos, agora está escrito:
o meu ouvido não tem paredes. Sim!
Assim está escrito.
O que é de todos não se divide.
domingo, 27 de dezembro de 2009
Nego
Dizem as más línguas
e as más línguas não mentem
mas eu nego todas as acusações
negonegoerenego todas as acusações
acusações são sempre negativas
Pisante
a pé
até
agora e depois
o carro na frente dos bois
café
com leite pão
com manteiga feijão
com arroz
pé um pé dois
pé um pé dois
na planta do pé
o pé da planta
fingido é
o que se espanta
de antemão
pé ante pé
de pé
no chão
nas nuvens não
nananinané
nananinanão
até
agora e depois
o carro na frente dos bois
café
com leite pão
com manteiga feijão
com arroz
pé um pé dois
pé um pé dois
na planta do pé
o pé da planta
fingido é
o que se espanta
de antemão
pé ante pé
de pé
no chão
nas nuvens não
nananinané
nananinanão
Custo de Vida
O custo
de vida
é a medida
do justo.
O custo
de vida
é o justo
sob medida.
O custo
de vida
é a medida
do justo,
do justo
sob medida.
de vida
é a medida
do justo.
O custo
de vida
é o justo
sob medida.
O custo
de vida
é a medida
do justo,
do justo
sob medida.
Contém Glúteo
A palavra de ordem é Foda-se!
Foda-se é palavra de progresso!
Vão cagar!
Vão à merda!
Acabou a comida!
Comer merda!
Cagar merda!
A ordem é esta
: comer merda,
cagar merda!
E isso assim sucessivamente...
Comer merda até cagar merda
e comer merda
novamente!
Foda-se é palavra de progresso!
Vão cagar!
Vão à merda!
Acabou a comida!
Comer merda!
Cagar merda!
A ordem é esta
: comer merda,
cagar merda!
E isso assim sucessivamente...
Comer merda até cagar merda
e comer merda
novamente!
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Parodiano 'Doniran
Você é um homem ou um rato?
Um rato ou um saco de batata?
Seu barraco num barranco,
o barranco num buraco,
o buraco é uma caixinha de fósfro.
o buraco é uma caixinha de fósfro.
Sua condução, sem condições
: lata de sardinha.
Sua condução é da pesada
: o dedão saltando fora.
Da quebrada ao centro
Da quebrada ao centro
ratos em caixinhas de frósfo,
sacos de batata em latas de sardinha.
Ratos e sacos de batata
das caixinhas de fórsfi
direto para latas de sardinha.
Você é um homem, um rato
ou um saco de potato?
Você é um herói,
o meu anti-herói...
Cadeia Elementar
o tom do som que sai e sôa à toa
um som agudo agradável e belo
o tom do som que sai do bico da andorinha
num galho duma árvore dentro do ninho
o tom do som que sai e sôa à toa
o som do bico que sai de dentro do ninho
o tom do som que sai e sôa à toa
um som grave que arrepia o corpo inteiro
o tom do som que sai da bocarra do tigre
sob as rochas úmidas da montanha gelada
o tom do som que sai e sôa à toa
o som da bocarra que sai de dentro da toca
não importa
basta entrar no olho da mira
pra ser a caça
o caçador engatilha atira e mata
o tom do som que sai e sôa à toa
agora não é mais por fome
um som agudo agradável e belo
o tom do som que sai do bico da andorinha
num galho duma árvore dentro do ninho
o tom do som que sai e sôa à toa
o som do bico que sai de dentro do ninho
o tom do som que sai e sôa à toa
um som grave que arrepia o corpo inteiro
o tom do som que sai da bocarra do tigre
sob as rochas úmidas da montanha gelada
o tom do som que sai e sôa à toa
o som da bocarra que sai de dentro da toca
não importa
basta entrar no olho da mira
pra ser a caça
o caçador engatilha atira e mata
o tom do som que sai e sôa à toa
agora não é mais por fome
Besouro Bizarro
Aqui relva com água
nunca caga catarro.
Aqui terra com água
não alaga mais barro.
Aqui pedra com água
nunca bate mas fura.
Aqui merda com água
não vira pasta impura.
EU JURO QUE EU
NÃO DISSE NADA
De cima do viaduto
escarram catarro
em riba dos carros.
De cima do viaduto
espirram esporra
em riba dos carros.
De cima do viaduto
mijam e cagam
em riba dos carros.
E o carro que morre.
E o magro que corre.
E o carro que corre.
E o magro que morre.
nunca caga catarro.
Aqui terra com água
não alaga mais barro.
Aqui pedra com água
nunca bate mas fura.
Aqui merda com água
não vira pasta impura.
EU JURO QUE EU
NÃO DISSE NADA
De cima do viaduto
escarram catarro
em riba dos carros.
De cima do viaduto
espirram esporra
em riba dos carros.
De cima do viaduto
mijam e cagam
em riba dos carros.
E o carro que morre.
E o magro que corre.
E o carro que corre.
E o magro que morre.
Sopa de Letrinhas
Não quero reclamar um poema
que desperdíce lágrimas.
Não posso declamar um poema
com derramamento de sangue.
Lugar de lixo é nas caixas do correio!
O mundo já não é mais
povoado por flores e borboletas multicoloridas
no jardim de uma linda camponesinha
com seu vestido rodado e florido,
chapéu de abas longas para a primavera
e leves sandálias, dançando inocentes cantigas de roda,
a balançar uma cesta de frutas
na colina verde do vale encantado...
O mundo é que não é mais
povoado por borboletas e flores muiticolores
naquele jardim daquela camponesinha
agora com seu vestido rasgado e curtido,
o chapéu usado como penico de soldado,
as gastas sandálias e ingênuas cantigas de roda aborrecidas,
assim como a cesta de bagaços
na área minada do campo de batalha.
Impossível poesia pós-Holocausto?
Então toma!
Cabeça de bagre
esperando um milagre.
Cabeça de vento
livre de pensamento.
Cabeça de anjo
de boca no marmanjo.
Cérebro de formiga
: estamos quitestamos quites.
Cérebro de macaco
: estamos quitestamos quites.
Cérebros abortados
: sanduíches de Auschwitz.
Sangue nas palavras,
sangue nas cartas,
sangue nos olhos,
sangue de barata e mais sangue
escorrendo pelos cantos da boca e pelo nariz,
saindo por todos os poros e de olhos calados pelo choro,
de suas unhas cheias de terra e de merda
e de suas mãozinhas marcadas pelo desespero.
Olhos vendados para hinos patrióticos
de cães de guerra e manifestações.
Agora ela é só mais um ventre sujo...
- A morte liberta, criança!
Mas depois da tempestade vem a ambulância
e um refugiado que, ao vê-la caída, gemendo,
limpa abostadabota em seu rosto e segue
mancando/ marchando! manchando...
JOVEM
ao completar 18 anos
aliste-se e aprenda
camaradagem, disciplina e respeito
para obter licença para matar
crianças e estuprar mulheres
em caso de guerra ou levante civil.
A fauna aflora e a gente tenta, tenta,
tenta à vontade,
mas a poesia nunca será mais violenta
que a realidade.
que desperdíce lágrimas.
Não posso declamar um poema
com derramamento de sangue.
Lugar de lixo é nas caixas do correio!
O mundo já não é mais
povoado por flores e borboletas multicoloridas
no jardim de uma linda camponesinha
com seu vestido rodado e florido,
chapéu de abas longas para a primavera
e leves sandálias, dançando inocentes cantigas de roda,
a balançar uma cesta de frutas
na colina verde do vale encantado...
O mundo é que não é mais
povoado por borboletas e flores muiticolores
naquele jardim daquela camponesinha
agora com seu vestido rasgado e curtido,
o chapéu usado como penico de soldado,
as gastas sandálias e ingênuas cantigas de roda aborrecidas,
assim como a cesta de bagaços
na área minada do campo de batalha.
Impossível poesia pós-Holocausto?
Então toma!
Cabeça de bagre
esperando um milagre.
Cabeça de vento
livre de pensamento.
Cabeça de anjo
de boca no marmanjo.
Cérebro de formiga
: estamos quitestamos quites.
Cérebro de macaco
: estamos quitestamos quites.
Cérebros abortados
: sanduíches de Auschwitz.
Sangue nas palavras,
sangue nas cartas,
sangue nos olhos,
sangue de barata e mais sangue
escorrendo pelos cantos da boca e pelo nariz,
saindo por todos os poros e de olhos calados pelo choro,
de suas unhas cheias de terra e de merda
e de suas mãozinhas marcadas pelo desespero.
Olhos vendados para hinos patrióticos
de cães de guerra e manifestações.
Agora ela é só mais um ventre sujo...
- A morte liberta, criança!
Mas depois da tempestade vem a ambulância
e um refugiado que, ao vê-la caída, gemendo,
limpa abostadabota em seu rosto e segue
mancando/ marchando! manchando...
JOVEM
ao completar 18 anos
aliste-se e aprenda
camaradagem, disciplina e respeito
para obter licença para matar
crianças e estuprar mulheres
em caso de guerra ou levante civil.
A fauna aflora e a gente tenta, tenta,
tenta à vontade,
mas a poesia nunca será mais violenta
que a realidade.
Geração X
guardei o rolex
no marmitex
passei lubrax
no jontex
enfiei tampax
no rex
cheguei ao clímax
no box
passei um fax
depois ajax
achei o max
o denorex
coloquei durepox
no duralex
passei durex
no sax
tirei xerox
do tex
jantei inox
com pirex
passei látex
no gálax
espirrei antrax
no fedex
e ganhei um tórax
mais sexy
no marmitex
passei lubrax
no jontex
enfiei tampax
no rex
cheguei ao clímax
no box
passei um fax
depois ajax
achei o max
o denorex
coloquei durepox
no duralex
passei durex
no sax
tirei xerox
do tex
jantei inox
com pirex
passei látex
no gálax
espirrei antrax
no fedex
e ganhei um tórax
mais sexy
Variações Sobre a Mesma Teima
i.
Deitado na cama
fumando no escuro.
Sem coberta e com frio,
coberto e com calor.
Baforando zeros do vazio
interior.
ii.
Eu
no centro da capital
e o interior
dentro de mim.
iii.
O tédio do interior
ou o tédio da cidade?
O tédio é interior
no campo ou na cidade.
O tédio é solidão.
O tédio é multidão.
O tédio do interior
ou o tédio da cidade?
O tédio é interior
em qualquer localidade.
Na praia ou no deserto
tão longe, tão perto.
Deitado na cama
fumando no escuro.
Sem coberta e com frio,
coberto e com calor.
Baforando zeros do vazio
interior.
ii.
Eu
no centro da capital
e o interior
dentro de mim.
iii.
O tédio do interior
ou o tédio da cidade?
O tédio é interior
no campo ou na cidade.
O tédio é solidão.
O tédio é multidão.
O tédio do interior
ou o tédio da cidade?
O tédio é interior
em qualquer localidade.
Na praia ou no deserto
tão longe, tão perto.
Palha no Agulheiro
não sou o coadjuvante
nem o protagonista
sou um mero figurante
à perder de v i s t a
nem o protagonista
sou um mero figurante
à perder de v i s t a
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Último Fim
Sinto-me
como um cãozinho fechado dentro de uma caixa trancafiada...
como um cavaleiro valente que sem a sua espada não é nada...
como um relógio de bolso parado e perdido no tempo...
como os espectros que se comunicam através do vento...
Sinto-me
como um trilho sem trens tomado pelo matagal...
como uma andorinha levada pelo temporal...
como um corredor prostrado em sua imensa escuridão...
como um corredor prostrado em sua imensa escuridão...
como uma árvore sem ninhos e folhas e pássaros em pleno verão...
Sinto-me
como uma velha ponte abandonada sobre um rio...
como um recém-nascido recém exposto ao frio...
como uma porta sem passado...
como ter ido sem ter sequer chegado...
Sinto-me
como um serrote banguelo...
como aquele que perde a donzela em um duelo...
como o último delírio do Universo...
como num pesadelo perverso...
Sinto-me
como um peixe içado por um anzol...
como um presidiário sem banho de sol...
Sinto muito, mas sinto-me assim
: meu eu é eunuco diante de mim................................................
Sinto-me
terno
e eterno!
E o meu coração sempre foi meu
eu...
Meu erro...
Meu berro!
Quintessência
Não me deixo levar
pelo que os outros pensam
a meu respeito
: se falam mal,
não ligo; se falam bem
- desconfio.
Difícil conhecer
a si mesmo,
quanto mais o outro
se o mesmo
não se conhece.
pelo que os outros pensam
a meu respeito
: se falam mal,
não ligo; se falam bem
- desconfio.
Difícil conhecer
a si mesmo,
quanto mais o outro
se o mesmo
não se conhece.
Tédio e Melancolia
Só eu sei o que é solidão.
Só eu sei o que é estar só.
Eu não sou eu não.
E isso eu já sei de cor
: o que é dor
e o que é dó.
Mas eu clamo por tão pouco
: ver sem ser visto,
estar fora de foco
- só isto!
Só eu sei o que é estar só.
Eu não sou eu não.
E isso eu já sei de cor
: o que é dor
e o que é dó.
Mas eu clamo por tão pouco
: ver sem ser visto,
estar fora de foco
- só isto!
Subordinado ao Caos
O sol do Novo Mundo
não aquece a escuridão.
O sol do Novo Mundo não cega.
O sol do Novo Mundo
é o sol da meia-noite.
Eu sou da meia-noite!
O sol da meia-noite
não foi feito de fogo.
O sol da meia-noite é cego.
O sol da meia-noite
é o sol do Novo Mundo.
Eu saúdo o Novo Mundo!
não aquece a escuridão.
O sol do Novo Mundo não cega.
O sol do Novo Mundo
é o sol da meia-noite.
Eu sou da meia-noite!
O sol da meia-noite
não foi feito de fogo.
O sol da meia-noite é cego.
O sol da meia-noite
é o sol do Novo Mundo.
Eu saúdo o Novo Mundo!
Sina Assassina
Eu não nasci
aqui.
Eu nuca mais estarei namesmamesa de parto
do mesmo quarto.
A vida que eu vivo
vai pro arquivo.
Assim
a sina assassina sim!
aqui.
Eu nuca mais estarei namesmamesa de parto
do mesmo quarto.
A vida que eu vivo
vai pro arquivo.
Assim
a sina assassina sim!
Língua de Iguana
Dormir no escuro
e acordar com frio.
Dormir e acordar,
dormir pra acordar
- no duro no duro -
dentro do rio.
Dormir com medo
e acordar sozinho.
Dormir e acordar,
dormir pra acordar
- bem cedo bem cedo -
dentro do ninho.
Dormir fedido
e acordar nu.
Dormir e acordar,
dormir pra acordar
- perdido perdido -
dentro do azul.
e acordar com frio.
Dormir e acordar,
dormir pra acordar
- no duro no duro -
dentro do rio.
Dormir com medo
e acordar sozinho.
Dormir e acordar,
dormir pra acordar
- bem cedo bem cedo -
dentro do ninho.
Dormir fedido
e acordar nu.
Dormir e acordar,
dormir pra acordar
- perdido perdido -
dentro do azul.
Lavando a Alma
Cheiro de terra.
Cheiro de chuva.
Cheiro de terra batida de chuva.
Terra vermelha.
Chuva assentando poeira.
Cheiro de chuva.
Cheiro de terra batida de chuva.
Terra vermelha.
Chuva assentando poeira.
Quiproquó Rococó
Obrigado por me receber
mas eu não posso esperar.
Quem só fala, não diz
e quem diz tudo
deixa a desejar.
mas eu não posso esperar.
Quem só fala, não diz
e quem diz tudo
deixa a desejar.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Presságio
Do alto da montanha mais alta
um menino lança seu grito ao nada.
E o grito e o vento se acasalam.
E do grito e do vento nasce o eco.
O eco veio menino menino
e foi subindo...
O eco
veio menino
e foi sumindo sumindo...
um menino lança seu grito ao nada.
E o grito e o vento se acasalam.
E do grito e do vento nasce o eco.
O eco veio menino menino
e foi subindo...
O eco
veio menino
e foi sumindo sumindo...
Pianíssimo
quebrou a minha máquina de crer
quebrou a minha máquina de ver
quebrou a minha máquina de escrever
quebrou a minha máquina de ver
quebrou a minha máquina de escrever
Perdão Versus Vingança
De peito aberto
a plenos pulmões
De ponta cabeça
a teus pés
De mãos dadas
ao deus-dará
De vento em popa
ao léu
Essa chuva caiu do céu
a plenos pulmões
De ponta cabeça
a teus pés
De mãos dadas
ao deus-dará
De vento em popa
ao léu
Essa chuva caiu do céu
Pasto no Morro e Morro no Pasto
Somos muitos e sós
- sós e mal acompanhados.
Ovelhas desgarradas
formam rebanhos de
ovelhas desgarradas.
- sós e mal acompanhados.
Ovelhas desgarradas
formam rebanhos de
ovelhas desgarradas.
Hora Extra
já não tenho mais olhos para o belo
meu tudo está fechado para quaisquer novas descobertas
sou um ancião ocioso caindo no abismo
e invejo a sua juventude
e a sua saúde
já não tenho mais sonhos nem vontades
meu tudo está fechado para balanço e sem reforma
sou um ancião ocioso no forno do inferno
e invejo a sua imagem
e a sua coragem
já não tenho mais nada além de rugas
meu tudo está fechado fora e muito distante de mim
sou um ancião ocioso no meio do mar
e invejo a sua vida
e a sua subida
já não tenho mais o por que de estar aqui
meu tudo está fechado num mundo que me ultrapassou
sou um ancião ocioso perdendo o fôlego
e invejo a sua alegria
e a sua companhia
já não tenho mais tempo para partir
meu tudo está fechado e é tarde demais para aprender
sou um ancião ocioso e cheio de remorsos
e invejo a sua idade
e a sua vaidade
meu tudo está fechado para quaisquer novas descobertas
sou um ancião ocioso caindo no abismo
e invejo a sua juventude
e a sua saúde
já não tenho mais sonhos nem vontades
meu tudo está fechado para balanço e sem reforma
sou um ancião ocioso no forno do inferno
e invejo a sua imagem
e a sua coragem
já não tenho mais nada além de rugas
meu tudo está fechado fora e muito distante de mim
sou um ancião ocioso no meio do mar
e invejo a sua vida
e a sua subida
já não tenho mais o por que de estar aqui
meu tudo está fechado num mundo que me ultrapassou
sou um ancião ocioso perdendo o fôlego
e invejo a sua alegria
e a sua companhia
já não tenho mais tempo para partir
meu tudo está fechado e é tarde demais para aprender
sou um ancião ocioso e cheio de remorsos
e invejo a sua idade
e a sua vaidade
Bagaços no Abismo
BILTRE
SACRIPANTA
PÂNDEGO
PROXENETA
chute o balde
chute a bola
chute o pau da barraca
chute a resposta
quem ou o quê
pensa que é você
pra me dizer
o que não dizer
crise econômica
crise conjugal
crise criativa
crise existencial
quem sou eu
quem eu sou
eu sou quem
onde estou
oprimidos
reprimidos
deprimidos
comprimidos
salada russa
montanha russa
roleta russa
situação idem
SACRIPANTA
PÂNDEGO
PROXENETA
chute o balde
chute a bola
chute o pau da barraca
chute a resposta
quem ou o quê
pensa que é você
pra me dizer
o que não dizer
crise econômica
crise conjugal
crise criativa
crise existencial
quem sou eu
quem eu sou
eu sou quem
onde estou
oprimidos
reprimidos
deprimidos
comprimidos
salada russa
montanha russa
roleta russa
situação idem
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Ouça o Som do Silêncio
O Mundo é dos Insetos
a mosca é a formiga que criou asas...
a formiga é a mosca de asas cortadas!
você é o quê?
mosca ou formiga?
formiga e mosca?
formiga-mosca?
mosca é formiga?
o quê é você?
dentro ou ao redor do açucareiro,
bato palmas pra você em você.
a formiga é a mosca de asas cortadas!
você é o quê?
mosca ou formiga?
formiga e mosca?
formiga-mosca?
mosca é formiga?
o quê é você?
dentro ou ao redor do açucareiro,
bato palmas pra você em você.
O Cu do Cúmulo
Maroceano
não é o barulho do mar,
são os peixes que estão chorando...
- o que fezes aqui?
vapor.
água. NÃO É O BARULHO DO MAR,
gelo. SÃO OS PEIXES!
água. NÃO É O MARULHO NEM OS MARUJOS.
vapor.
o choro é o xerox
da chuva.
O MARULH O MARULH O MARULH O
não é nada não, marujo.
nada não.
OU QUASE NADA.
o balançar do barco e o bêbado à bordo...
O ENJÔO!!!
...barulho...marulho...mergulho!
PULO
e engulo o oceano...!
são os peixes que estão chorando...
- o que fezes aqui?
vapor.
água. NÃO É O BARULHO DO MAR,
gelo. SÃO OS PEIXES!
água. NÃO É O MARULHO NEM OS MARUJOS.
vapor.
o choro é o xerox
da chuva.
O MARULH O MARULH O MARULH O
não é nada não, marujo.
nada não.
OU QUASE NADA.
o balançar do barco e o bêbado à bordo...
O ENJÔO!!!
...barulho...marulho...mergulho!
PULO
e engulo o oceano...!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O Caixote
O caixote
quebrado
jogado
de lado
da barraca
da feira
com os pregos
pregados errados
enferrujados
e a madeira
molhada
toda preta
de podre
quebrado
jogado
de lado
da barraca
da feira
com os pregos
pregados errados
enferrujados
e a madeira
molhada
toda preta
de podre
Noturno
a noite é mais romântica do que o dia
a noite é mais violenta do que o dia
a noite é muito mais longa do que o dia
a noite é restauradora
para quem repousa
a noite não tem fim
para os insones
e os trabalhadores
à noite todos os gatos são chatos
à noite estamos todos entregues ao demônio
luzes acesas na escuridão
uma sim uma não
uma sim
uma não
no turno noturno tem adicional
uma não
no turno noturno tem adicional
Bang Bang Jump
Miragem
Mary-Marie
Maria sem vergonha
Maria gasolina
Maria mole
Maria fumaça
Maria mijona
Marijuana
Ave Maria no Morro
na casa da Mãe Joana
Maria gasolina
Maria mole
Maria fumaça
Maria mijona
Marijuana
Ave Maria no Morro
na casa da Mãe Joana
Maldito Marginal
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Inimigos do Mundo
O primeiro homem é inimigo do segundo homem
que é inimigo do primeiro homem
que é inimigo da mulher do segundo homem
que é inimiga da mulher do primeiro homem e do 1° homem
que é inimigo da própria mulher
que também o tem como o seu maior rival
nesta noite especial,
tal qual o segundo homem, inimigo do primeiro homem
que é inimigo do segundo homem
que é inimigo da mulher do primeiro homem
que é inimiga da mulher do segundo homem e do 2° homem
que é inimigo da própria mulher
que também o tem como o seu inimigo mortal
nesta noite de Natal.
Conclusão
: eles não se dão.
O inimigo n° 1
quer estourar a champanhe
e quer estourar os miolos,
mas não pode.
A inimiga n° 1
quer cortar o panetone
e quer cortar a garganta,
mas não deve.
Ambos observam da janela
uma estrela
sobre uma imensa árvore de Natal
no outdoor de um prédio comercial
colorindo a cidade como no Carnaval.
Além de Deus há a lei de Deus!
Talheres, nozes e orações;
papais-noéis, presentes e cartões;
e o céu forrado de estrelas e canções...
O rapaz é filho e inimigo do primeiro casal
pois seus pais o tratam como um rebelde sem causa.
A moça é filha e inimiga do segundo casal
pois seus pais a tratam como a ovelha negra da família.
O rapaz não se dá com o sogro e com a sogra
e acredita que se tivesse genro ou nora
não se dariam muito bem.
Sua sorte é que é filho único e ela também.
A moça não se dá com a sogra e com o sogro
e acredita que se tivesse nora ou genro
não se dariam muito bem.
Sua sorte é que é filha única e ele --
Pois bem
: os dois, a moça e o rapaz,
preferiram ficar no cais
admirando os navios ao longe, os pássaros, os fogos (afagos) e os ais,
EM PAZ.
- Daqui para nunca mais!
Desejavam viver outra vida,
mas só encontraram uma saída
à meia-noite no mar...
(Em suas casas - taças a tilintar!)
À meia-noite em algum lugar,
qualquer lugar...
E apesar de tantas
guerras frias e guerras santas,
apesar de sozinhos, alheios a tudo e a todos,
dois jovens renascem na hora do amor,
inimigos do mundo.
que é inimigo do primeiro homem
que é inimigo da mulher do segundo homem
que é inimiga da mulher do primeiro homem e do 1° homem
que é inimigo da própria mulher
que também o tem como o seu maior rival
nesta noite especial,
tal qual o segundo homem, inimigo do primeiro homem
que é inimigo do segundo homem
que é inimigo da mulher do primeiro homem
que é inimiga da mulher do segundo homem e do 2° homem
que é inimigo da própria mulher
que também o tem como o seu inimigo mortal
nesta noite de Natal.
Conclusão
: eles não se dão.
O inimigo n° 1
quer estourar a champanhe
e quer estourar os miolos,
mas não pode.
A inimiga n° 1
quer cortar o panetone
e quer cortar a garganta,
mas não deve.
Ambos observam da janela
uma estrela
sobre uma imensa árvore de Natal
no outdoor de um prédio comercial
colorindo a cidade como no Carnaval.
Além de Deus há a lei de Deus!
Talheres, nozes e orações;
papais-noéis, presentes e cartões;
e o céu forrado de estrelas e canções...
O rapaz é filho e inimigo do primeiro casal
pois seus pais o tratam como um rebelde sem causa.
A moça é filha e inimiga do segundo casal
pois seus pais a tratam como a ovelha negra da família.
O rapaz não se dá com o sogro e com a sogra
e acredita que se tivesse genro ou nora
não se dariam muito bem.
Sua sorte é que é filho único e ela também.
A moça não se dá com a sogra e com o sogro
e acredita que se tivesse nora ou genro
não se dariam muito bem.
Sua sorte é que é filha única e ele --
Pois bem
: os dois, a moça e o rapaz,
preferiram ficar no cais
admirando os navios ao longe, os pássaros, os fogos (afagos) e os ais,
EM PAZ.
- Daqui para nunca mais!
Desejavam viver outra vida,
mas só encontraram uma saída
à meia-noite no mar...
(Em suas casas - taças a tilintar!)
À meia-noite em algum lugar,
qualquer lugar...
E apesar de tantas
guerras frias e guerras santas,
apesar de sozinhos, alheios a tudo e a todos,
dois jovens renascem na hora do amor,
inimigos do mundo.
Girino de Gente
Gelo em Brasa
O fogo
não afoga.
O fogo afaga.
Fumaça sufoca!
A água
não afaga.
A água afoga.
Chuva evapora!
não afoga.
O fogo afaga.
Fumaça sufoca!
A água
não afaga.
A água afoga.
Chuva evapora!
Funerária & Pintura
A Gioconda e a Ciência de Da Vinci
Os Labirintos e o Macintosh de Escher
Os Ciprestes e a Miséria de Van Gogh
As Putas e as Pernas Curtas de Toulouse
As Ninféias e as Barbas de Monet
Todos das Ruas para a Galeria
As Árvores e os Azulejos de Mondrian
Os Matizes e a Alegria de Viver de Matisse
A Seca e o Carnaval de Portinari
As Fases e os Casamentos de Picasso
Os Grafites e as Drogas de Basquiat
Todos Correndo Atrás da Poesia
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Garatuja Suja
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Frenesi & Barbárie
Flor de Outono
O domingo de sol prometia calor...
Mas após as notícias o tempo vira
e um frio cortante faz companhia à dor...
Mas após as notícias o tempo vira
e um frio cortante faz companhia à dor...
- O mundo gira!
Tudo muito de repente
: os parentes mais próximos entram em contato via celular
e o cortejo segue o carro funerário num silêncio sepulcral,
interrompido só uma vez por um cochicho seguido de gargalhada de tia gorda.
Enterro sem velório de caixãozinho branco.
Nascimento prematuro.
Morte prematura.
Tudo assim tão rápido
parece até indolor
parece até indolor
: do carro à cova sem a mórbida curiosidade, partilhada por todos,
de apreciar morta quem não foi admirada em vida...
Aqui lamenta-se a dor da perda e não a perda propriamente dita.
Apenas pai e mãe conheceram aquele ser de cinco dias
cheio de tubos e cuidados.
As pessoas morrem.
As pessoas vão ao cemitério.
As pessoas vão ao cemitério.
As pessoas são enterradas.
As pessoas choram e rezam.
As pessoas vão para o céu.
As pessoas voltam para casa
e a vida continua
tímida como árvores no outono...
Ferrugem
Aros enferrujados de bicicleta
contra o muro,
rodas de carriola e pneus murchos e carecas
contra o muro,
guidão e chaleira amassada
contra o muro,
blocos empilhados e madeiras de armário
contra o muro,
sombras das roupas do varal
contra o muro,
broxa e sacola de feira rasgada
contra o muro,
garrafas de cerveja e refrigerante empoeiradas e cheias d'água e baratas
contra o muro,
balde quebrado e ferros de barraca
contra o muro,
cadeira velha dividida em duas e calotas de fusca
contra o muro,
de sol a chuva dia e noite
contra o muro,
ar
contra o muro
e meus olhos...
contra o muro,
rodas de carriola e pneus murchos e carecas
contra o muro,
guidão e chaleira amassada
contra o muro,
blocos empilhados e madeiras de armário
contra o muro,
sombras das roupas do varal
contra o muro,
broxa e sacola de feira rasgada
contra o muro,
garrafas de cerveja e refrigerante empoeiradas e cheias d'água e baratas
contra o muro,
balde quebrado e ferros de barraca
contra o muro,
cadeira velha dividida em duas e calotas de fusca
contra o muro,
de sol a chuva dia e noite
contra o muro,
ar
contra o muro
e meus olhos...
Estrelas Decadentes
Espelho Espelho Nosso de Cada Dia
Esfinge
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Dúvida
Amargo e Azedo
Às vezes,
muitas vezes,
quase todas as vezes.
Às vezes o que eu sinto
é o que menos importa.
Às vezes o que eu penso
não vem ao caso.
Às vezes, velho demais
pra minha idade
ou jovem demais
pro meu tamanho.
Às vezes me arrependo
por saber tanto,
outras vezes
por tão pouco.
Às vezes o absoluto
é obsoleto
e o suficiente
não é o bastante.
Às vezes não dá
mas nada surge do nada.
Tudo tem um preço,
às vezes muito alto.
Às vezes alto demais
até a eternidade.
muitas vezes,
quase todas as vezes.
Às vezes o que eu sinto
é o que menos importa.
Às vezes o que eu penso
não vem ao caso.
Às vezes, velho demais
pra minha idade
ou jovem demais
pro meu tamanho.
Às vezes me arrependo
por saber tanto,
outras vezes
por tão pouco.
Às vezes o absoluto
é obsoleto
e o suficiente
não é o bastante.
Às vezes não dá
mas nada surge do nada.
Tudo tem um preço,
às vezes muito alto.
Às vezes alto demais
até a eternidade.
Albinos e Daltônicos
Poema a quatro mãos
com Paulo Cruz
Borboleta amarela...
Estrela preta...
O sol é incerto e a noite, certeza.
O dia é uma noite clara.
A noite é um dia escuro.
E se o dia é uma noite clara...
E se a noite é um dia escuro...
- E o meio-dia?
- E a meia-noite?
A noite cai e o sol se impõe.
Borboleta preta!
Estrela amarela!
A Galope
Afinal de Contas
Não é da minha conta
e nem da sua conta
: brincar de faz-de-conta
ou ficar por conta
é o que conta.
e nem da sua conta
: brincar de faz-de-conta
ou ficar por conta
é o que conta.
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